Como assim, eu vou pra França??

Vamos lá, post prometido já há tanto tempo...

Pretendo encher de detalhes, foi mal se ficar chato, ok??

Mais chato ainda se você já souber de metade das coisas que eu vou escrever... Pula esse post, se quiser, tah?? hehehe

Mas (acho que) vai ser útil pra alguem possível futuro bixo...

Caminhos pro duplo diploma:
(Vou ser bem específica pro meu caso: Duplo-diploma (DD) com as Écoles Centrales da França, pra engenharia. Também fiquei sabendo algumas coisas sobre a Paristech, a Polytechnique... Se quiser, é só me perguntar! ; D )

1) Vestibular
Sim, essa fatídica prova tão polêmica é sempre o começo de tudo.
Só pude participar desse programa de DD porque eu faço Engenharia Mecânica na Unicamp. Além da Unicamp, participa gente da USP (da Poli com certeza, não sei se da EESC também), UFRJ, PUC-RJ, UFC e UFRGS. Na Unicamp, são só as Engenharias Mecânica, Elétrica, Mecatrônica, Computação, Alimentos, Civil e Agrícola (que começou esse ano). A Eng. Química não participa (até agora, pelo menos), não sei direito por que(ê?).

2) O que eu precisei fazer?
Nada. No começo, não precisei fazer nada, fui fazendo matérias normais, como se eu fosse uma pessoa normal (xP), me preocupando com as minhas notas, (não com a dos amiguinhos...=/). Nos primeiros 3 semestres não tem muito a ser feito... Só, se você gostar e tiver algum tempo a perder, começar aulas de Francês... Eu começei, adorei, me diverti muito, deixei de estudar G.A.(a Bia sabe essa, mas pra quem não fez e não é a Bia: Geometria Analítica) várias vezes pra fazer tarefas do Francês, aahahahahaha
Pra mim valeu a pena, mas não é de forma alguma necessário. Saber francês antes dos próximos passos não muda quase nada.
No 4o. semestre já começa. A FEM divulga isso pelo e-mail, então, fiquei de olho... (não sei como é nas outras faculdades). No dia 23 de setembro de 2009 abriram as inscrições, e eu me inscrevi no dia mesmo = D. (No ano de antes, isso deve ter sido um pouco antes, já que no meu semestre tava tudo atrasado por causa da gripe suína.) As inscrições ficaram abertas até o dia 9 de outubro, é é bem simples, é só ir na Secretaria de Graduação e deixar o nome, RA e e-mail. Tem que estar em fase com as matérias... e saber inglês ou francês.
Depois do fim das inscrições, eles olham quem se inscreveu, ordenam por nota (se não for só por nota, é mais de 90%), e chamam os 10 primeiros. A lista da Mecânica e da Mecatrônica é junta (é tudo FEM), da Elétrica e Computação também. Então, nessa hora são 50 pessoas.
Depois disso, tivemos que entregar um CV em francês ou inglês, com foto e no máximo 2 páginas, e uma carta de motivação e histórico escolar.
Esses documentos foram pra CORI, orgão que cuida das relações internacionais da Unicamp, e tem uma salinha debaixo da Biblioteca pra atender os alunos.
A CORI então escolheu 30 alunos desses 50 (na vdd era pra ser 25, mas no nível estava muito igual, segundo eles), e esses 30 foram pra entrevista com os representantes franceses das écoles.
O critério nessa hora eu nem sei, mas deve ter sido notas e conhecimentos de inglês ou francês... Se bem que eu acho que o curso faz bastante diferença, já que foram os 10 da mec/eca (eng. de controle e automação, ou mecatrônica), muitos da elétrica/comp (talvez os 10 tb), poucos da alimentos e menos ainda da civil e da agrícola.
Esses 30 tiveram uma reunião com o Serpa, professor da Mecânica e alguém importante na CORI, responsável pelo programa de DD no meu ano... Lá ele explicou como ia ser a entrevista, as perguntas assustadoras que os franceses poderiam fazer (tipo o que você sabe sobre as écoles e o programa, o que você vai fazer se não conseguir nenhuma bolsa, como você explica sua menor nota...), o que seria legal a gente mudar na nossa carta de motivação. O mais legal que ele falou é que pra Unicamp, era melhor que todos nós passássemos, que todos fossem muito bem na entrevista, que os outros 29 alunos não eram seus concorrentes, já que não tinha um número fixo de vagas.

3) A entrevista
É... Eram pra ser dois dias de entrevistas, com você e 5 entrevistadores, um de cada École.
Talvez seja a hora de explicar melhor o que são as Écoles.
Na França, são 5 Écoles Centrales, uma em cada cidade: Paris, Lyon, Marseille, Nantes e Lille (acho que está na ordem de tamanho (da cidade, em habitantes), mais ou menos). São grands écoles, instituições com mais prestígio que as universidades no sistema educacional francês, que dão a formação de engenheiro generalista ao aluno. Depois de sair do colegial (BAC), o francês entra num prépa (se lê prêpá), que é tipo um cursinho de 2 anos, cheios de física, cálculo, às vezes química. Depois disso, vem o concours que é um vestibular unificado. Dependendo da nota, o francês pode escolher entre várias écoles que o aceitariam. Entre as centrales, que pode sempre escolhe Paris, ou então, como segunda opção, Lyon. As outras 3, são um pouco piores, ou pelo menos, menos renomadas.
Maaas, como a gente não é francês, tivemos que passar por essa seleção interna e pela entrevista.
Então, voltando, eram pra ser dois dias de entrevistas. Mas aí, sei lá o q aconteceu, diminuiram pra um dia só, e como eram muitas pessoas pra serem entrevistadas, dividiram os franceses em 2 e tinham duas entrevistas ao mesmo tempo.
Fiz entrevista na sala de cima, com só dois franceses, uma moça e um moço. Acho que a moça era de Nantes, o cara de Lille, ou o contrário, sei lá.
Foi... estranha a entrevista. Se não fosse pela reunião do Serpa, eu ia achar que tinha ido tudo bem. Eu respondi tudo que me perguntaram, eles pareciam minimamente felizes e impressionados, nem tropeçei muito no inglês! Mas aí, quando eu vi que não tinham me perguntado nada de cabuloso e achei que tinha sido rápido demais, e quem sabe, eles nem queriam saber de mais nada, de tanto que eles me detestaram. Aí, pela primeira vez, a França me fez menininha, saí semi-chorante da sala, impressionei quem ainda não tinha sido entrevistado (desculpem! mesmo!)... Legal.
Minutos depois, depois das tentativas de me reanimar do Parrudo, meu pai no telefone: "Você tá chorando, Dé?" "Não."
Desliguei o celular, encontrei o Adriano: "Você tá chorando, Débora?" "Ahh... Mais ou menos..."

4) Resultado
Depois da entrevista você não precisa fazer nada, nem se preocupar... Só olhar o e-mail de vez em quando.
O resultado saiu 15 dias depois, no meu ano, no dia 19 de novembro. Não acreditei quando o Parrudo me falou, precisei ver no meu e-mail, no pc que o R9 tava usando, papel de menininha número 2, chorando no SIFEM, e depois, no telefone, não conseguindo fazer meu pai entender o nome da cidade pra onde eu ia (cidade essa que você só fica sabendo nessa hora. E sua preferência, se é que você falou que tinha alguma na entrevista, não conta muito não... Mesmo a Centrale Paris sendo bem melhor (pelo menos no ponto de vista de muitos franceses), não são os melhores brasileiros que vão pra lá, nem os piores, nem.... Sei lá, os critérios que eles usam pra escolher pra qual école cada um vai são bem.... místicos.).
Quanto aos alunos que eles escolhem (foram 17 alunos escolhidos da Unicamp), os critérios são menos misteriosos. Nota conta muito! E o curso que você faz também. Não é por acaso que mais da metade das pessoas daqui da Unicamp que vão é da elétrica, mecânica ou da computação, acho que deve ser por causa das matérias que a gente faz... Ou então pelo vestibular mais difícil, mas tenho minhas dúvidas...

Quando um aluno é selecionado pruma École Centrale pro DD, ele já vai ser automaticamente inscrito pra concorrer à bolsa Eiffel (já falei dela em post anterior). Depois dos resultados, você tem bem pouco a fazer até chegar o resultado da bolsa.

Em janeiro ou fevereiro chegou minha carta de aceitação na École. E você ainda não tem nada a fazer com ela.

Depois dos resultados atéeee o fim de março, o que dá pra fazer é... aprender Francês (intensivo nas férias, por exemplo), se juntar com o pessoal que vai com você (fiz orkut por isso, google groups, outback, ahhahaah) e ir começaaaando a preencher o formulário Campus France (que dá pra preencher tudo de uma vez quando você souber da bolsa que ganhou, ou não. é, pensando bem, é melhor preencher depois). Dá pra ir procurando e aprendendo mais sobre a sua cidade, sobre europa em geral... Eu percebi só ontem que eu queria mesmo ter aprendido latim... só pra entender o q está escrito em tantas igrejas e catedrais que eu prentendo visitar.

5) Bolsas
Já falei delas aqui e aqui (dois posts anteriores).
Só pra constar, o resultado da Eiffel resultou em lágrimas no SIFEM de novo! Menininha [3].
Dessa vez foi forte, morri o fim de semana inteiro.
E depois, o resultado da Brafitec... Nope! Não chorei! Fui gente por um dia!

De burocrático, na Unicamp, a única coisa que eu tive que fazer é imprimir e assinar uma autorização de trancamento de matrícula e entregar na secretaria de graduação. E me matricular em uma matéria qualquer nesse semestre, pra depois poderem trancar.

6) Visto
Pro visto, tem que começar preenchendo o formulário da Campus France, tudo muito bem explicadinho no site e bem fácil pra quem é bolsista. Depois de preencher, tem que mandar cópias de vários documentos pra eles em São Paulo, inclusive a carta da bolsa.
BIXO, não seja tão BURRO quanto eu e preencha esse formulário o mais rápido possível, assim que souber que você ganhou (ou não) a bolsa. É muito fácil e rápido, eu deixei acabar o semestre pra fazer e acabei atrasando tudo!
Se você ganhou Brafitec, provavelmente a sua carta não vai ter chegado ainda na hora de mandar documentos pra Campus France, a minha chegou só dia 7 de julho e tem gente que não recebeu até hoje! Então, o melhor mesmo é mandar todos os outros documentos pra Campus France antes mesmo. Aí, quando chegar a carta da CAPES, você manda uma cópia. Eu nem precisei mandar, no fim a Campus France entrou em contato direto com a CAPES e me liberou.
Tendo o processo pré-consular da Campus France terminado, eles te mandam um link pra marcar um horário no consulado (isso em São Paulo, nos outros consulados, tipo Brasília, acho que é diferente). Esse link tá no site do consulado também, você pode marcar por si só, caso a CampusFrance esteja enrolando, ou falte um documento, por exemplo.
BIXO, não seja tão BURRO quanto eu e marque mesmo antes da sua carta da CAPES chegar. No meio do ano, o consulado fica com muitos pedidos de visto de estudante, fica bem demorado pra marcar um horário. Eu entrei no site no dia 07/07 à noite e só consegui marcar pro dia 20/07. Eu aconselho deixar marcado, mesmo sem a Capes mandar a carta ou a Campus France terminar o processo. Aí, faltando, sei lá, uma semana pro seu horário agendado, você ainda não tem todos, os documentos, remarca pelo mesmo site. Bem melhor que eu, que esperei pra marcar depois que a carta chegou e atrasei todos os meus planos. (tudo bem que depois a Capes atrasou ainda mais, mas disso eu ainda não sabia.)
Uma vez que todos os documentos foram deixados no consulado do dia marcado, eles tiram foto, colhem digitais e já marcam um dia (normalmente 2 semanas depois, um pouco mais nesses meses de rush) pra você ir buscar o seu passaporte, devidamente visado.
Como eu tenho bolsa Brafitec, não precisei pagar nada. BIXO, não seja tão BURRO quanto eu, se você tem bolsa, não ache que você deixou de pagar, nem ligue pro Antonio ERRADO às 9h da madrugada, no meio das férias, perguntando se ele pagou alguma taxa. (desculpa, Antonio!) Agora, se você não é bolsista, aí sim você tem que pagar 50 euros pro consulado.
Tive que tomar cuidado também com a data do visto. Só pode chegar na França até três semanas antes da data que estiver escrita no visto.
O meu visto ia ficar pronto no dia 6, com a data que estava na minha carta de aceitação, que é 1o. de setembro. Assim, 3 semanas antes, ia dar dia 11. Por isso, marquei minha passagem pro dia 10, pra entrar na França dia 11 e já começar meu curso na Aliança Francesa de Dijon dia 12.

Aí que começa a história problemática da passagem. Mas isso é só uma pedrinha no caminho...
Talvez não essa semana, talvez não na hora que eu queria, maaas... \
Eu vou, eu vou, pra França agora (ou depois) eu vou!